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terça-feira, 24 de março de 2009
"Crioulo" uma ópera para ver no CCB
"Crioulo" uma ópera para ver no CCB
Em estreia absoluta no Grande Auditório do CCB, a ópera Crioulo, de António Tavares com música e libreto de Vasco Martins, aborda a relação entre África e Europa, e o fosso marcante que separa estas duas grandes massas socioculturais.
Trata-se de uma dramaturgia com três idéias dominantes: a História da formação de Cabo Verde, com textos baseados em cânticos populares de trabalho e acontecimentos históricos; o Presente, cemitério para gentes do Sul que procuram o Norte; a Dança, um grito no silêncio.
A música sacralizada no alto do palco, representa toda a música que viajou com os homens das naus e todo o pensamento aliado a evangelização.
O compositor inspirou-se na música Mandiga e nos Kotocos, no batuque, na ‘coleixa’, nos ritmos de tambores de ‘sanjõn’, na morna, na música ibérica peninsular (com influências da música árabe), na tabanka, na ‘valsinha’ e no ‘ambiente’ musical dentro/fora do espaço temporal, aproveitando a música da época clássica europeia, a música tradicional da África Ocidental e de Cabo Verde, a música ibérica e situando todo este universo musical no tempo actual.
Uma mescla que resulta maravilha!
A dança apropria-se do espaço desenhado pelo objecto cénico e liberta-o dos formalismos, das amarras, do sofrimento que o acompanhou num círculo interminavel de sofrimento, suor, sangue e lágrimas.
Vasco Martins e o nascimento da obra:
O texto de ‘Crioulo’, escrito em língua Cabo-Verdiana é inspirado nos seguintes livros:
1.Cabo Verde, ‘Nascimento e Extinção de uma Sociedade Escravócrata’, (1460-1878) de António Carreira
2.‘Cantos de trabalho’ em Cabo Verde de Osvaldo Osório
3.‘The Vice Roy of Ouidah’, de Bruce Chatwin
A primeira versão desta ópera (no principio uma cantata), com o nome de ‘Lágrimas na Paraise’, foi composta em 1994, encomenda da Universidade de Paris VIII (França), interpretada pelas vozes solistas Soli Tuti, dois percussionistas do Senegal e o próprio compositor aos sintetizadores.
Esta primeira versão com 25 minutos, foi estreada em Março de 94, para assinalar a Abolição da Escravatura.
Em Junho do mesmo ano, no palácio da Assembleia Nacional de Cabo Verde, foi interpretada a segunda versão com os mesmos músicos, sendo acrescentado na partitura outras partes.
Em 2002, para a abertura de Mindelo Capital Lusófona da Cultura foi tocada uma terceira versão também aumentada, com a produção artística de António Tavares que então sugeriu o novo nome: ‘Crioulo’.
Neste espectáculo actuaram muitos músicos como o Coro de Câmara de Lisboa, Bau, Djurumani, Paulo Maria Rodrigues, Zinha e batucadeiras de Santa Cruz, Estrelas do Fogo, batucada de Mindelo, o percussionista Tey Santos, Máximo Casadey e 11 bailarinos.
Essa versão foi reposta na Cidade da Praia no dia 20 Janeiro em 2003 data que assinala a memória de Amílcar Cabral.
A partir de Abril 2003, Vasco Martins optou por fazer uma quarta versão orquestrada, revista e aumentada de modo a que esta ópera tivesse a possibilidade de ser apresentada através do mundo.
A partir de Agosto de 2008, o compositor fez mais alterações pois parece que a idéia era tornar esta ópera um espectáculo musical que não se parecesse com esse género musicalidade ao desenrolar da ópera ou ‘tempo histórico’.
A 17 de Janeiro Vasco Martins finalizou ‘Crioulo’.
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