Entrevista com Jorge "Manson" Rodrigues, um dos apresentadores do programa Prometal na RCV+, sobre o Heavy Metal em Cabo Verde
Porque um grupo de Rock num país de mornas, coladeiras e funaná?
JMR: Para já para diversificar um pouco. Estamos acostumados a ouvir só mornas, coladeiras e zouck, o que não exprime a nossa maneira de ser e estar. No nosso caso (do programa) sentimo-nos mais á vontade e mais agradados ouvindo o rock ou o Metal do que qualquer outro género, com todo o respeito pelos artistas que temos.
Como surgiu o grupo…e já gora o nome?
JMR: Em 1º lugar não somos uma banda. Já fomos, isso foi há alguns anos. Desde 2005 que já não faço parte, decidi deixar a banda por motivos de birras e algum desentendimento que era prejudicial, ainda por cima pra quem estava a iniciar-se. Era um dos vocalistas da banda na altura mas devido aos problemas optei por bem deixar. A banda chamava-se BLENDE e pelo que sei já não existe.
Muita gente tem uma percepção negativa dos grupos de Rock pelo tipo de som, pela roupa…como mudar essa ideia e mostrar o lado positivo do Rock?
JMR: Isso é puro preconceito a meu ver. Então o que dizer do RAP? Acho que as pessoas deviam dar mais valor ao trabalho ou o que tentam fazer e demonstrar com as suas mensagens do que preocupar-se com a maneira de se vestir de cada artista ou banda. Muitas pessoas julgam antes de apreciar, só pelo som ou maneira de vestir e isso é errado. Acredito que o Metal no geral tem muitas coisas bonitas e as pessoas deviam pelo menos tentar apreciar e só depois ajuizar se é que têm esse direito.
O programa de Rock na rádio tem ajudado a divulgar e a ganhar fãs para o Rock?
JMR: Muito sinceramente espero e acredito que sim, pois esse é um dos nossos principais objectivos. Quando avançamos com a ideia de criar um programa de rádio só de rock, sabíamos que iria ser complicado por causa da mentalidade, que é a principal barreira que tínhamos que enfrentar. Mas pelos e-mails que temos recebido a recepção tem sido boa e acredito que quando a RCV+ chegar a outros pontos do pais muito provavelmente a audiência irá aumentar, o que seria excelente pró programa e pela própria rádio que ainda é muito jovem. Também ajuda muito o facto de estarmos online, porque temos muitos seguidores que estão lá fora a estudar e tem ouvido o programa e mandado e-mails.
Os Grupos de Rock em CV estão organizados, existe alguma associação?
JMR: infelizmente não. Mas temos uma associação, se assim podemos lhe chamar, e quem quiser saber mais informação, lá tem tudo acerca do Metal em Cabo Verde e no mundo, é só aceder ao site www.vozdimetal.com.
Há pouco tempo um e-mail que se fez circular, falava da monopolização da música e dos palcos por parte de certos artistas. Concorda?
JMR: Plenamente. Acho que há muitos, mas muitos talentos escondidos, que lhes deviam ser dados oportunidades, mas que infelizmente talvez pela música que fazem não são valorizados, e estou falando mesmo na vertente Rock/Metal. Mas infelizmente é o pais, a cultura e a mentalidade que temos.
Há público para Rock feito em Crioulo?
JMR: Acredito que sim. Pelo menos nos vários concertos que assisti, tiveram sempre uma boa audiência e não ficaram atrás de alguns concertos que temos visto por aí.
Em termos de qualidade do Rock feito em CV como qualificaria?
JMR: Boa. Mas podia ser muito melhor se tivessem tido algum apoio de quem devia ter esse direito, de apoiar e incentivar, porque como disse são talentosos mas sozinhos e por boa vontade própria e amor á musica não chegarão lá, e falo isso por experiência própria já que fiz parte de uma banda e sei o que passamos para poder ensaiar, e tocar, mostrar ao publico o que sabemos e gostamos de fazer.
Porque é que não vemos os grupos de Rock CV nos cartazes de festivais feitos um pouco por todo o país?
JMR: Acho que não sou a pessoa indicada para lhe responder isso, mas talvez um bocado do que lhe disse há pouco, por verem pró Rock/Metal com outros olhos, não lhe dando a importância que merece e devia ter, tudo bem que ainda não conquistou muito o seu espaço, mas também sem incentivar, sem dar ouvidos aos muitos talentos que sei que há por aí, também muito cedo não chegaremos lá.
Praia acolheu na semana passada o festival de Jazz, faria sentido um festival de Rock, trazendo para CV grupos internacionais?
JMR: Tendo em conta também que o jazz sofre talvez o mesmo problema que o rock aqui em Cabo Verde, chegar a fazer um festival internacional acho que não vale muito a pena, porque 1º acho que deviam fazer mais propaganda a nível nacional, procurando as bandas que temos por aqui não só na Praia mas a nível nacional, tentar fazer um mini festival só com os artistas nacionais pra ver qual seria a reacção do público, mas conhecendo o nosso público, a sua mentalidade certamente não valeria a pena. Faço um apelo aqui aos canais de televisão, porque é uma vergonha não darem nenhuma importância ao estilo, não existe nenhum programa do tipo, não que pusessem 1h de programa do género, o que seria bom, mas pelo menos arranjassem um espaço e passava alguns concertos nem que fosse uma vez por semana, afim das pessoas começarem a inteirar-se com o estilo e a ter mais conhecimento e poderia ajudar a ver o Rock/Metal de uma outra forma. Queria Agradecer á RCV+ pelo tempo de antena que nos proporcionaram.
Como é que vocês vêm actualmente a música CV, entre o tradicional e o Zouk Love?
JMR: Para já não considero o Zouk Love como música CV. Respeito quem optou por essa forma mas chegar a classifica-la de música de CV é um desrespeito á musica CV. Cheguei a gostar e a apreciar muito o tradicional, mas desde que tive contacto com o Rock/Metal isso como que ficou pró 2º plano, mas incentivo a quem quiser enveredar pró estilo que façam com carinho e respeito aos grandes nomes da real musica CV que são muitos. Quem sabe também quando voltarmos a tocar não faremos uma mistura que acho que devia ser muito interessante entre o tradicional e o Rock/Metal, porque não?
Fonte: A Nação
Noticias Musica
terça-feira, 7 de abril de 2009
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